Por que metas são melhores atingidas indiretamente

Para ir do ponto A ao ponto B, há sempre um caminho reto, direto, curto, mas que quase nunca te leva até lá. Em quase todos os campos da existência, é melhor pegar a estrada sinuosa, diz o economista britânico John Kay, no livro Obliquity (Obliquidade), lançado este ano nos Estados Unidos, segundo a Época Negócios.

Como disse o filósofo britânico John Stuart Mill, “só são felizes aqueles que têm a mente fixa em algum objetivo outro que não sua felicidade”. De forma similar, quando Jack Welch, ex-CEO da GE, elogiou o caminho oblíquo, disse que a missão de maximizar o valor dos acionistas não é um bom guia para a ação. Não é uma estratégia que ajude a saber o que fazer quando se chega ao trabalho.

Um dos melhores exemplos do livro de Kay é a estratégia para apagar incêndios em florestas. No final do século 19, o Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos adotou a estratégia de tolerância zero com o fogo. Qualquer foco, por menor que fosse, era extinto. Mas a incidência de incêndios não diminuiu. Ao contrário, aumentou. Uma simulação por computador sugere um motivo. A maioria dos incêndios é pequena e se extingue sozinha. Ao fazê-lo, remove combustíveis do subsolo e cria obstáculos à expansão de futuros incêndios. Em 1972, o Serviço de Parques adotou outra regra. Combateria todos os incêndios feitos pelo homem, ignorando os naturais.

A solução oblíqua é a única possível em ambientes complexos, que entendemos mal e mudam de natureza. Objetivos de alto nível – construir uma empresa sustentável, ter uma vida plena, criar uma obra de arte – são quase sempre imprecisos demais para que tenhamos qualquer ideia clara sobre como alcançá-los. Entendemos o significado das metas e as atingimos quando as traduzimos em metas intermediárias e ações. Nós as interpretamos e reinterpretamos enquanto ganhamos conhecimento sobre o ambiente em que operamos. É por isso que as estratégias bem-sucedidas são oblíquas, em vez de diretas, segundo Kay. A estratégia oblíqua, porém, não deve ser confundida com decisão intuitiva. Tentativa e erro é um processo disciplinado.

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