Educação deixa a desejar

Por mais que a oferta de mão de obra brasileira seja maior que a demanda prevista para o mercado de trabalho, o país ainda precisa superar, do ponto de vista da formação de seu capital humano, o baixo alinhamento da educação às necessidades do mercado de trabalho, e uma aderência do ensino de línguas estrangeiras inferior à da maioria dos países emergentes. Essa é uma das principais conclusões do relatório “Talentos e Capital Humano para o Pólo de Investimentos e Negócios no Brasil”, divulgado pela Brasil Investimentos e Negócios (BRAiN), entidade multissetorial. O estudo mostra que a diferença entre a oferta e a demanda de trabalhadores no decênio 2010-2020 deverá ser de 1,6% no Brasil, um resultado positivo e bem favorável, ainda mais se comparado a outros países, como Estados Unidos, Rússia, China, Japão e Coreia do Sul, regiões que podem enfrentar um déficit de profissionais.

Mas quando o assunto é a qualidade da mão de obra disponível, o Brasil enfrenta um desafio: a educação oferecida no país não está totalmente adequada às necessidades de mercado de trabalho. A situação brasileira é parecida com a de países como Peru, China e México, abaixo de Chile, Argentina e Índia, por exemplo. Numa escala de zero a dez, o Brasil ocupa o nível 4. Quanto mais alto for esse nível, maior será o alinhamento entre educação e necessidade do mercado. E isso se justifica com dados. O relatório da BRAIN mostra que o ensino fundamental brasileiro teve o 12º pior desempenho médio na prova internacional da Programme for International Student Assessment (PISA) de 2009, apesar de ter apresentado a terceira maior melhoria entre os 65 países pesquisados desde 2006. Além disso, somente cinco universidades brasileiras figuram entre as 600 melhores no mundo.

E mais: na comparação com outros países emergentes, o ensino de idiomas no Brasil é um dos menos aderentes às reais necessidades de mercado, em situação inferior à de todos os demais BRICs (Rússia, índia e China), ficando abaixo das expectativas de 43% dos empresários que atuam no país. Os indicadores apontam que num grupo de mil habitantes, menos de 0,1 estudante sai do Brasil para fazer intercâmbio, número que cai para quase zero quando se analisa a quantidade de estudantes estrangeiros que o país recebe.

Por conta dessas e outras dificuldades de formação de talentos e de baixo alinhamento às necessidades de mercado, tem aumentado o índice de empregadores que avaliam a possibilidade de recorrer ao recrutamento internacional: se, em 2007, 20% dos empresários da América Latina consideravam essa possibilidade, para o período 2010-2015 o porcentual sobe para 60%, acima da média global (57%).

Fonte: Você RH

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